Cimento.
Areia. Brita. Água. Pronto. Junte-os nas quantidades certas e você terá um
excelente concreto, que ficará maleável, depois duro e resistente e... haaam...
cinza. Alguns mais cinza outros menos cinza. Alguns mais maleáveis outros
menos. Alguns mais resistentes que outros. Mas é só submeter este bom material
à exigência, diversificação e o potencial criativo da atual indústria da
construção civil e veremos que essas características não são nem de longe
suficientes.
E
se minha esposa quiser vermelho? E se o engenheiro quiser mais leve? E se eu
precisar de mais tempo pra usar? E se for cair ácido em cima? E se não der pra
vibrar? E se o cliente quiser usar amanhã? E se pegar fogo? E se...
Aí
é que entram os aditivos: compostos químicos e adições naturais ou sintéticas
que têm a capacidade de dar ao concreto uma nova propriedade específica,
suprimir uma determinada característica que ele tenha ou alterar um
comportamento normal do material. Aliados ao controle de processo, à segurança
técnica, ao controle de custo e aos serviços associados, a presença dos
aditivos é uma das principais vantagens do concreto dosado em central,
sobretudo quando a empresa prestadora de serviços de concretagem é comprometida
com a inovação tecnológica. Conhecer e dominar o uso de todos os tipos de
aditivos disponíveis da à concreteira uma maior versatilidade, a capacidade de
oferecer soluções técnicas adequadas, velocidade na solução dos desafios e uma
maior garantia de qualidade.
Agilia
Entretanto,
o que se vê normalmente é um grande desconhecimento das opções disponíveis e
até um desinteresse por parte da maioria das empresas que preferem focar nos
concretos “commodities”, se limitando a oferecer produtos que são obtidos
apenas dentro do espectro dos aditivos mais básicos. Para quem não conhece,
segue um breve resumo dos tipos de aditivos mais usados:
RETARDADORES
DE PEGA E INIBIDORES DE HIDRATAÇÃO: São agentes capazes de adiar o início das
reações de endurecimento do cimento, permitindo o transporte a grandes
distâncias, concretagens lentas, controle de resíduos, contingenciamento, e até
produzir efeitos superficiais interessantes;
PLASTIFICANTES
E SUPERPLASTIFICANTES OU AGENTES REDUTORES DE ÁGUA: Usados quando se necessita
elevar a resistência do concreto mediante a redução do fator a/c, reduzir a
dosagem de cimento necessária, ou simplesmente obter concretos bastante fluidos
uma vez que atuam diretamente na plasticidade. Também podem modificar a
reologia do concreto de forma a facilitar a obtenção de concretos auto adensáveis;
MODIFICADORES
DE VISCOSIDADE: Usados para melhorar a retenção de água, a estabilidade,
reduzindo a exsudação e segregação e até possibilitando a concretagem submersa.
Também facilitam algumas operações de lançamento.
INCORPORADORES
DE AR: Permitem o uso de estruturas submetidas a temperaturas de congelamento
da água, reduzem a densidade para produção de concretos leves e auxiliam em
bombeamentos de grandes distâncias ou sinuosos. Também atua na obtenção de
estabilidade, retenção de água e trabalhabilidade;
ACELERADORES
DE RESISTÊNCIAS INICIAIS: Permitem a redução do tempo de atingimento de
determinada resistência, facilitando a desforma precoce em climas mais frios ou
com uso de cimento mais lentos. Há também os ACELERADORES DE PEGA, normalmente
usados em projeção de concreto, que fazem com que a pega do cimento (e
consequente endurecimento) se dê em tempo muito reduzido;
AGENTES
CRISTALIZANTES: Reduzem drasticamente os vazios intersticiais da microestrutura
do concreto, reduzindo a permeabilidade à água. Também conferem resistência
contra substancias e ambientes de PH ácido;
POZOLANAS
E ADIÇÕES MINERAIS: Aumentam a
resistência, reduzem a porosidade, conferem resistência a sulfatos e reduzem a
dosagem de cimento;
FIBRAS
SINTÉTICAS E METÁLICAS: Reduzem a fissuração por retração plástica ou
hidráulica, melhoram a tenacidade, permitem maior afastamento de juntas em
pisos e pavimentos, reduzem ou eliminam armadura de pele, atuam como
coadjuvante na substituição da armadura positiva por concreto de elevada
resistência à tração e pode combater o efeito “spalling” (lascamento) durante
incêndios;
PIGMENTOS:
Alteram a cor e permitem a realização de diversos efeitos visuais, usados em
técnicas de modelamento e em associação a matérias primas com diferencial arquitetônico;
EXPANSORES:
Compensam a retração natural do concreto para que ocorra o total preenchimento
de nichos, encunhamentos e inserções.
Ainda
existem, fora desta lista, os polímeros de diversas bases químicas, os
endurecedores de superfície, os aditivos multifuncionais, as resinas, os
fillers, os agentes de cura interna e muitas outras “alquimias” capazes dos
mais variados efeitos e resultados. Em determinadas situações os aditivos podem
ser desenvolvidos de forma inteiramente customizada, para atender a um
empreendimento específico, desenvolver um produto inovador ou melhorar o desempenho
dos produtos já existentes. Tudo depende da sinergia entre a concreteira e a
empresa fornecedora de aditivos, que normalmente conta com tecnologistas à
disposição se seus clientes para dar suporte no trabalho de desenvolvimento.
Artevia
Quando
novas opções de aditivos surgem, a capacidade de inovação da concreteira
melhora. E isso faz aumentar a expectativa e o grau de exigência das
construtoras que forçam as concreteiras a buscar mais inovação pressionando a indústria
de aditivo por novas opções. É um ciclo virtuoso que resulta em produtos cada
vez melhores e mais potentes e estruturas cada vez mais arrojadas, belas,
eficientes e sustentáveis. Se continuarmos assim, em breve ninguém mais vai se
interessar pelas receitas simples, limitadas e... cinzas.
0 comentários:
Postar um comentário
Comente, critique, contribua. A casa é sua!