Uma venda comum é aquela que
entrega ao cliente um produto, em troca de um gasto financeiro. Uma venda
técnica é aquela que entrega ao cliente uma solução, em troca de um
investimento.
No texto anterior, dedicado aos
compradores, falei sobre os conhecimentos necessários para se especificar
corretamente o concreto. Aqui, quero direcionar o recado para os vendedores de
serviços de concretagem, estes tão importantes personagens das concreteiras. Sim,
vendedores de “serviços” e não “produtos”, pois é exatamente isso que é um
fornecimento de concreto: uma prestação de serviços. E como uma prestação de
serviços, deve começar como uma venda técnica. E aí, é preciso se conhecer ainda
mais que o necessário para se comprar. É preciso saber identificar as
necessidades dos clientes e entregar uma solução técnica. Aí é que está o
verdadeiro valor.
Uma boa empresa prestadora de
serviços de concretagem precisa investir muito em treinamentos para a equipe
comercial se quiser sobreviver e se destacar. E o bom vendedor deve sempre
buscar o conhecimento sobre aquilo que ele está vendendo. Costumo brincar que
se eu conseguir um emprego para começar amanhã, vendendo raquetes de tênis,
pretendo amanhecer o dia um razoável perito em raquetes. E mais, conhecer as regras
do esporte, o tipo de calçado mais adequado, os atletas mais destacados, as nuances
de cada tipo de piso nas quadras... O vendedor precisa procurar pela informação
e não apenas aguardar pelo treinamento da empresa. Em meus próprios
treinamentos já me deparei com vendedores que não tinham informações bastante
básicas, bastante fáceis de localizar na internet.
Além de todos os detalhes já mencionados
na postagem anterior, sobre especificação, os vendedores precisam:
1. Falar
a linguagem do cliente. É muito importante conhecer todos os termos técnicos
relacionados ao concreto. O “jargão” dos projetos estruturais, as unidades de
medida usadas na construção civil, o significado das siglas usadas. Se o
cliente não consegue se comunicar com o vendedor, não se pode estabelecer uma
relação de confiança;
2. Entender
como funciona uma obra. O vendedor precisa conhecer, mesmo que
superficialmente, as etapas inerentes à concretagem e suas circunvizinhas. Montagem
de formas, bombeamento, vibração do concreto, descimbramento, cura. Conhecendo
o negócio do cliente, ficará mais fácil para o vendedor identificar possíveis
oportunidades de propor soluções e mesmo identificar demandas desconhecidas
pelo próprio cliente;
3. Saber
interpretar um desenho técnico. Muitas vezes a negociação se dá ainda na fase
de projetos e tudo que se tem é uma planta de formas sobre a mesa. Para se
vender bem é preciso saber onde encontrar as informações relevantes,
especificações, quantidades de serviços e oportunidades de por boas ideias em discussão;
4. Conhecer
a capacidade técnica e a gama de produtos da concreteira. Durante uma visita
técnica à obra ou a avaliação de um projeto, o vendedor pode perceber uma
oportunidade de propor um produto diferente, capaz de trazer uma solução
melhor;
5. Conhecer
o processo de produção da concreteira. Saber os limites técnicos, as necessidades,
a capacidade de volume e adaptabilidade aos diversos produtos. Não se pode
prometer o que é impossível cumprir, com os recursos disponíveis;
6. Entender
os cuidados necessários para evitar patologias estruturais e outros possíveis
problemas técnicos. No pré-venda, com orientações muito simples, o cliente pode
prevenir problemas como, por exemplo, os relacionados a uma cura deficiente,
carregamento precoce, contaminações, tempo de pega, etc.;
7. Ter
noções mínimas de controle tecnológico do concreto. No pós venda, ou diante de
uma reclamação referente à qualidade do concreto, esse conhecimento pode ser
determinante.
Essas exigências não devem,
entretanto, desestimular o vendedor que deseja ser um “vendedor técnico”.
Porque as habilidades realmente relevantes e difíceis de serem desenvolvidas,
ele (ou você!) já possui. São elas que fazem dele um bom vendedor. E algumas
delas, como a capacidade de se adaptar, o interesse pelo aprendizado e a força
de vontade são justamente as requeridas para se obter todos os conhecimentos
técnicos acessórios. É preciso se lembrar de que mesmo o tecnologista da
empresa também tem ainda muita coisa pra aprender sobre tecnologia de concreto...
E vale a pena aprender. Aprender
significa vender mais, fidelizar os clientes, maximizar os ganhos e minimizar
os problemas. Isso vale pra quem vende qualquer coisa, pra qualquer um que
precise lidar com seu cliente. Principalmente quando o assunto é concreto!
Ótima matéria, simples e objetiva.
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