sábado, 29 de setembro de 2012

Incluir, retirar, alterar: A magica dos aditivos



Cimento. Areia. Brita. Água. Pronto. Junte-os nas quantidades certas e você terá um excelente concreto, que ficará maleável, depois duro e resistente e... haaam... cinza. Alguns mais cinza outros menos cinza. Alguns mais maleáveis outros menos. Alguns mais resistentes que outros. Mas é só submeter este bom material à exigência, diversificação e o potencial criativo da atual indústria da construção civil e veremos que essas características não são nem de longe suficientes.

E se minha esposa quiser vermelho? E se o engenheiro quiser mais leve? E se eu precisar de mais tempo pra usar? E se for cair ácido em cima? E se não der pra vibrar? E se o cliente quiser usar amanhã? E se pegar fogo? E se...

Aí é que entram os aditivos: compostos químicos e adições naturais ou sintéticas que têm a capacidade de dar ao concreto uma nova propriedade específica, suprimir uma determinada característica que ele tenha ou alterar um comportamento normal do material. Aliados ao controle de processo, à segurança técnica, ao controle de custo e aos serviços associados, a presença dos aditivos é uma das principais vantagens do concreto dosado em central, sobretudo quando a empresa prestadora de serviços de concretagem é comprometida com a inovação tecnológica. Conhecer e dominar o uso de todos os tipos de aditivos disponíveis da à concreteira uma maior versatilidade, a capacidade de oferecer soluções técnicas adequadas, velocidade na solução dos desafios e uma maior garantia de qualidade.

Agilia

Entretanto, o que se vê normalmente é um grande desconhecimento das opções disponíveis e até um desinteresse por parte da maioria das empresas que preferem focar nos concretos “commodities”, se limitando a oferecer produtos que são obtidos apenas dentro do espectro dos aditivos mais básicos. Para quem não conhece, segue um breve resumo dos tipos de aditivos mais usados:

RETARDADORES DE PEGA E INIBIDORES DE HIDRATAÇÃO: São agentes capazes de adiar o início das reações de endurecimento do cimento, permitindo o transporte a grandes distâncias, concretagens lentas, controle de resíduos, contingenciamento, e até produzir efeitos superficiais interessantes;

PLASTIFICANTES E SUPERPLASTIFICANTES OU AGENTES REDUTORES DE ÁGUA: Usados quando se necessita elevar a resistência do concreto mediante a redução do fator a/c, reduzir a dosagem de cimento necessária, ou simplesmente obter concretos bastante fluidos uma vez que atuam diretamente na plasticidade. Também podem modificar a reologia do concreto de forma a facilitar a obtenção de concretos auto adensáveis;

MODIFICADORES DE VISCOSIDADE: Usados para melhorar a retenção de água, a estabilidade, reduzindo a exsudação e segregação e até possibilitando a concretagem submersa. Também facilitam algumas operações de lançamento.

INCORPORADORES DE AR: Permitem o uso de estruturas submetidas a temperaturas de congelamento da água, reduzem a densidade para produção de concretos leves e auxiliam em bombeamentos de grandes distâncias ou sinuosos. Também atua na obtenção de estabilidade, retenção de água e trabalhabilidade;

ACELERADORES DE RESISTÊNCIAS INICIAIS: Permitem a redução do tempo de atingimento de determinada resistência, facilitando a desforma precoce em climas mais frios ou com uso de cimento mais lentos. Há também os ACELERADORES DE PEGA, normalmente usados em projeção de concreto, que fazem com que a pega do cimento (e consequente endurecimento) se dê em tempo muito reduzido;

AGENTES CRISTALIZANTES: Reduzem drasticamente os vazios intersticiais da microestrutura do concreto, reduzindo a permeabilidade à água. Também conferem resistência contra substancias e ambientes de PH ácido;

POZOLANAS E ADIÇÕES MINERAIS:             Aumentam a resistência, reduzem a porosidade, conferem resistência a sulfatos e reduzem a dosagem de cimento;

 

FIBRAS SINTÉTICAS E METÁLICAS: Reduzem a fissuração por retração plástica ou hidráulica, melhoram a tenacidade, permitem maior afastamento de juntas em pisos e pavimentos, reduzem ou eliminam armadura de pele, atuam como coadjuvante na substituição da armadura positiva por concreto de elevada resistência à tração e pode combater o efeito “spalling” (lascamento) durante incêndios;

PIGMENTOS: Alteram a cor e permitem a realização de diversos efeitos visuais, usados em técnicas de modelamento e em associação a matérias primas com diferencial arquitetônico;

EXPANSORES: Compensam a retração natural do concreto para que ocorra o total preenchimento de nichos, encunhamentos e inserções.

Ainda existem, fora desta lista, os polímeros de diversas bases químicas, os endurecedores de superfície, os aditivos multifuncionais, as resinas, os fillers, os agentes de cura interna e muitas outras “alquimias” capazes dos mais variados efeitos e resultados. Em determinadas situações os aditivos podem ser desenvolvidos de forma inteiramente customizada, para atender a um empreendimento específico, desenvolver um produto inovador ou melhorar o desempenho dos produtos já existentes. Tudo depende da sinergia entre a concreteira e a empresa fornecedora de aditivos, que normalmente conta com tecnologistas à disposição se seus clientes para dar suporte no trabalho de desenvolvimento.

Artevia

Quando novas opções de aditivos surgem, a capacidade de inovação da concreteira melhora. E isso faz aumentar a expectativa e o grau de exigência das construtoras que forçam as concreteiras a buscar mais inovação pressionando a indústria de aditivo por novas opções. É um ciclo virtuoso que resulta em produtos cada vez melhores e mais potentes e estruturas cada vez mais arrojadas, belas, eficientes e sustentáveis. Se continuarmos assim, em breve ninguém mais vai se interessar pelas receitas simples, limitadas e... cinzas.

 
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domingo, 2 de setembro de 2012

Inovação: O caminho para surpreender e cativar clientes

 
Não importa o ramo de atuação de uma empresa, ela jamais será capaz de prever todos os desejos de seus clientes. Uma vez eu fiz um traço de concreto com pequenas adições de elementos como carvão vegetal, cal e enxofre, porque o cliente precisava de um radier que melhorasse o “Feng Shui” do terreno onde sua casa seria construída. Já vi sucessivas amostras de concreto colorido serem rejeitadas por um cliente, até que ele escolheu, radiante, o concreto sem pigmento algum. Já participei de uma reunião onde tínhamos a intenção de pedir desculpas por um trabalho fracassado e vimos o cliente se emocionar de satisfação ao ver o resultado. Já fiz um traço as oito da noite de uma sexta feira de fck 21 MPa, mesmo já havendo disponíveis os fck 20 e 22. E, principalmente, já ví muitas responsabilidades serem adicionadas a uma especificação durante uma conversa, devido a necessidades que o cliente não sabia que tinha.

A engenharia civil, sobretudo em seu casamento ancestral com a arquitetura, possui um viés artístico muito forte, tentando conviver com necessidades estritamente industriais. Por isso a customização é uma constante para quem trabalha com concreto. Mas às vezes, o sentido desse vetor se inverte e é possível estimular a criatividade artística dos construtores, a partir de produtos inovadores desenvolvidos em concreto. Uma breve visita a um laboratório de pesquisa de uma concreteira e um engenheiro ou arquiteto pode sair de lá com uma ideia para agregar valor ao seu empreendimento. E cada dia mais a sociedade é mais preocupada com o design, a moda e a estética, fazendo surgir demandas incomuns para indústria do concreto.

Recentemente fui presenteado pelo corpo de diretores da empresa onde trabalho (um mimo que me deixou profundamente honrado, preciso confessar) com a Biografia encomendada de Steve Jobs. Ele foi um cara que, a despeito das suas enumeras falhas de caráter e temperamento, era um exemplo de paixão pela inovação e pelo design de produtos. E quanto mais eu leio o livro, mais claro se torna pra mim o conceito de que um produto precisa atingir simultaneamente a razão e o coração do cliente. Pra que ele compre é preciso conquistar o seu coração. Para que ele continue comprando, é preciso demostrar racionalmente a qualidade do produto. Isso vale para apartamentos, softwares, viagens de turismo e, porque não, concreto.

 

Quando um cliente visita o Laboratório onde trabalho e vê, por exemplo, o concreto permeável em ação, toca nas amostras, pisa sobre o protótipo, vê a água passando pelo concreto maciço, identifica as possíveis texturas e cores, a relação que ele está tendo com o produto é diferente do que se espera quando se fala “apenas” de concreto. E quando percorremos os equipamentos os diferentes tipos de testes e ensaios especiais, as matérias primas, as pessoas envolvidas no desenvolvimento, a empolgação de quem mostra o serviço que esta realizando... Esta relação atinge um nível ainda mais sólido, motivado pela surpresa e pela confiabilidade.

Steve Jobs costumava dizer que não fazia pesquisas de mercado, porque não queria saber qual o desejo do cliente, mas desenvolver nele um desejo completamente novo (bom, ele na verdade usava termos menos educados). Ele também era obcecado pela relação física do cliente com o produto. Ainda falando de concreto permeável, me lembro do lançamento de um produto da companhia nesta linha, que foi feito na Casa Cor, um evento extremamente voltado para esta experiência sensorial com os produtos. Lá, as pessoas olhavam, depois caminhavam sobre o concreto e por fim se abaixavam para tocar com as mãos e invariavelmente faziam uma pergunta típica de alguém que jamais havia visto aquilo. Fiz questão de participar como um expectador, para poder interagir com as pessoas que visitavam a instalação, que consistia em uma fonte onde a água caia diretamente sobre o concreto e desaparecia, em um projeto paisagístico muito bem elaborado e colorido. E o que pude observar é que as pessoas não estão esperando inovações quando o assunto é concreto:

_Oque é esse material?
_Eu “acho” que é concreto – Dizia eu.
_Como assim concreto? Você quer dizer, concreto, concreto mesmo?

Hydromedia, um novo conceito em concreto permeável
 
É muito bom trabalhar com inovação, passar os dias preocupado em como fazer a mesma coisa de uma forma totalmente diferente. Como superar as expectativas, como estabelecer uma escala de valores diferente para um produto tido como tão “igual” e como criar diferenciais realmente relevantes para os clientes. São problemas muito estimulantes e gratificantes. Não vejo a hora de chegar a segunda feira...
 

P.S.: Prometo voltar aos temas técnicos no próximo post!
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