sábado, 14 de julho de 2012

Fôrmas para concreto: Nossa “massa de bolo” depende delas!



É com muita honra e satisfação que apresento a primeira convidada a escrever no Blog do Concreto. Ela é a Josyane Angélica de Jesus. Técnica de Estradas pelo CEFET MG e Graduanda em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia Kenedy, ela é uma das mais destacadas projetista de escoramento e formas para construção pesada de Belo Horizonte, atuando como supervisora de projetos em uma das maiores empresas do ramo. Participou de grandes projetos locais como o Centro Administrativo do Governo de Minas, Duplicação da Antônio Carlos, o BRT, as estações de tratamento de esgoto para despoluição do Velhas, dentre vários. Também atuou em obras importantes pelo Brasil a fora, ajudando a construir pontes, viadutos, silos, instalações industriais e grandes obras de infraestrutura de Minas Gerais até o Maranhão. O conhecimento e experiência dela sobre o tema das estruturas provisórias é muito maior do que poderia sugerir a sua pouca idade, como o brilhante texto a seguir pode muito bem ilustrar. Essa multitalentosa jovem mamãe também é uma brilhante fotografa e artista plástica. Há, e claro, ela também é o amor da minha vida...
 

GENERALIDADES SOBRE AS FORMAS

Formas. O que a maioria das pessoas entende por esse ‘dispositivo’?

Na maioria das vezes, apenas ser uma espécie de contenção para que o concreto não ‘vaze’ e que permita a ele conseguir, com isso, adquirir a forma correta do projeto. É como se fabricássemos uma espécie de “contenção” para uma massa de bolo, que depois de assada, ganha sua resistência e já pode ser desenformada.

Um sistema de formas, para ter qualidade incontestável, deve responder satisfatoriamente aos seguintes requisitos:

a ) Resistir aos esforços de pressão devidos ao concreto fresco e ser estanque sem apresentar deformações fora dos limites máximos admissíveis;

b ) Ser rígida, leve, durável e prática de se utilizar;

c ) Possibilitar inúmeras reutilizações, sem que seja necessário desmonta-la, reformá-la ou trocar o compensado, durante a obra;

d ) Quanto ao compensado, deve ter todos as suas faces e furos de passagem dos tirantes seladas com tinta especial impermeabilizante, para evitar danos como o inchamento, perda de resistência e decréscimo da vida útil do mesmo;

e ) Ser fácil de se montar e de se desmontar;

f  ) Manter a excelente qualidade final do concreto.

Na prática, é na sua utilização, durante a desforma que se conhece a qualidade de um bom sistema de fôrmas!

Mas quais seriam as interfaces desse sistema?

Sabemos que as formas, para manter seu formato, tem que ter alguma estruturação, mas o que poucos sabem é que essa estruturação geralmente é limitada ao material fabricado. E por isso, temos que limitar a velocidade de concretagem, para que a pressão exercida sobre a forma seja a máxima suportada pela mesma.



A uma temperatura constante, substancias, como por exemplo, a agua, mantem seu estado líquido. No caso do concreto, tratamos de uma mescla de cimento, areia, água, apesar de manter a temperatura constante, com o tempo, se solidifica. O concreto, no princípio, se comporta como um ‘liquido’, mas com o passar do tempo vai se solidificando e a pressão não aumentará, mantendo-se constante.

Alguns dos fatores que mais influenciam nessa pressão exercida pelo concreto, e que devem ser levado em conta na hora da execução das formas, são: pressão do concreto fluido, a altura hidrostática, a consistência, a mobilidade e a fluidez do concreto (slump), o tempo de pega e endurecimento, a velocidade da concretagem, a vibração do concreto, os aditivos usados, além do peso específico do concreto (que na maioria das vezes permanece constante). Até mesmo a sua temperatura de lançamento (que muitas vezes é estimada, pela falta de controle na hora do lançamento).

A velocidade de concretagem, um dos mais importantes parâmetros, é diretamente influenciada pela temperatura do concreto, pela vazão da bomba de concretagem, pela dimensão da estrutura a ser concretada, consistência do concreto, e se o mesmo possui ou não aditivos. E cabe ao construtor controlar esses parâmetros para garantir que a velocidade não ultrapasse a máxima tolerável pelo sistema de fôrmas.

Agora, imaginemos uma forma executada sem nenhum desses cuidados acima. A probabilidade que a forma ‘abra’ é muito maior que a imaginação dos que estão executando sem os cuidados necessários. Agora imaginemos o lançamento do concreto em formas não preparadas adequadamente para recebê-lo. E que essa concretagem seja executada com uma velocidade aleatória e uma vibração do concreto sem os cuidados adequados.

A maioria das vezes em que uma forma se rompe é pela imprudência e negligencia na hora da concretagem. Muitas vezes, a fiscalização não se preocupa com a vibração do concreto e não imagina que a vibração inadequada desse concreto interferirá diretamente na estruturação da forma executada. Seria como se, na forma de bolo citada logo no começo do texto, colocássemos uma pinça de batedeira girando aleatoriamente e não tomando cuidado para que a pinça não se encoste à parede da forma. Muito provavelmente esse ato de encontro pinça-forma irá criar um atrito na forma causando deformações, fazendo com que o ‘bolo’ não saia no formato planejado. Deve-se ter o cuidado ao uso exagerado do vibrador, pois isso muda significativamente o quadro das pressões do concreto.

De posse desses parâmetros, poderemos avaliar qual a melhor maneira para a concretagem de uma estrutura, levando em conta a fôrma utilizada e as necessidades do cliente.

Cuidados e consulta as normas de parâmetros sempre nos trará informações necessárias e importantes para a execução dos serviços de concretagem.


Por: Josyane Angelica de Jesus

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