É
com muita honra e satisfação que apresento a primeira convidada a escrever no
Blog do Concreto. Ela é a Josyane Angélica de Jesus. Técnica de Estradas pelo CEFET
MG e Graduanda em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia Kenedy, ela é uma
das mais destacadas projetista de escoramento e formas para construção pesada de
Belo Horizonte, atuando como supervisora de projetos em uma das maiores
empresas do ramo. Participou de grandes projetos locais como o Centro
Administrativo do Governo de Minas, Duplicação da Antônio Carlos, o BRT, as estações
de tratamento de esgoto para despoluição do Velhas, dentre vários. Também atuou
em obras importantes pelo Brasil a fora, ajudando a construir pontes, viadutos,
silos, instalações industriais e grandes obras de infraestrutura de Minas
Gerais até o Maranhão. O conhecimento e experiência dela sobre o tema das
estruturas provisórias é muito maior do que poderia sugerir a sua pouca idade,
como o brilhante texto a seguir pode muito bem ilustrar. Essa multitalentosa
jovem mamãe também é uma brilhante fotografa e artista plástica. Há, e claro,
ela também é o amor da minha vida...
GENERALIDADES SOBRE AS FORMAS
Formas.
O que a maioria das pessoas entende por esse ‘dispositivo’?
Na
maioria das vezes, apenas ser uma espécie de contenção para que o concreto não
‘vaze’ e que permita a ele conseguir, com isso, adquirir a forma correta do projeto.
É como se fabricássemos uma espécie de “contenção” para uma massa de bolo, que
depois de assada, ganha sua resistência e já pode ser desenformada.
Um
sistema de formas, para ter qualidade incontestável, deve responder
satisfatoriamente aos seguintes requisitos:
a
) Resistir aos esforços de pressão devidos ao concreto fresco e ser estanque
sem apresentar deformações fora dos limites máximos admissíveis;
b
) Ser rígida, leve, durável e prática de se utilizar;
c
) Possibilitar inúmeras reutilizações, sem que seja necessário desmonta-la,
reformá-la ou trocar o compensado, durante a obra;
d
) Quanto ao compensado, deve ter todos as suas faces e furos de passagem dos
tirantes seladas com tinta especial impermeabilizante, para evitar danos como o
inchamento, perda de resistência e decréscimo da vida útil do mesmo;
e
) Ser fácil de se montar e de se desmontar;
f ) Manter a excelente qualidade final do
concreto.
Na
prática, é na sua utilização, durante a desforma que se conhece a qualidade de
um bom sistema de fôrmas!
Mas
quais seriam as interfaces desse sistema?
Sabemos
que as formas, para manter seu formato, tem que ter alguma estruturação, mas o
que poucos sabem é que essa estruturação geralmente é limitada ao material
fabricado. E por isso, temos que limitar a velocidade de concretagem, para que
a pressão exercida sobre a forma seja a máxima suportada pela mesma.
A
uma temperatura constante, substancias, como por exemplo, a agua, mantem seu
estado líquido. No caso do concreto, tratamos de uma mescla de cimento, areia,
água, apesar de manter a temperatura constante, com o tempo, se solidifica. O
concreto, no princípio, se comporta como um ‘liquido’, mas com o passar do
tempo vai se solidificando e a pressão não aumentará, mantendo-se constante.
Alguns
dos fatores que mais influenciam nessa pressão exercida pelo concreto, e que
devem ser levado em conta na hora da execução das formas, são: pressão do
concreto fluido, a altura hidrostática, a consistência, a mobilidade e a
fluidez do concreto (slump), o tempo de pega e endurecimento, a velocidade da
concretagem, a vibração do concreto, os aditivos usados, além do peso
específico do concreto (que na maioria das vezes permanece constante). Até
mesmo a sua temperatura de lançamento (que muitas vezes é estimada, pela falta
de controle na hora do lançamento).
A
velocidade de concretagem, um dos mais importantes parâmetros, é diretamente
influenciada pela temperatura do concreto, pela vazão da bomba de concretagem,
pela dimensão da estrutura a ser concretada, consistência do concreto, e se o
mesmo possui ou não aditivos. E cabe ao construtor controlar esses parâmetros
para garantir que a velocidade não ultrapasse a máxima tolerável pelo sistema
de fôrmas.
Agora,
imaginemos uma forma executada sem nenhum desses cuidados acima. A
probabilidade que a forma ‘abra’ é muito maior que a imaginação dos que estão
executando sem os cuidados necessários. Agora imaginemos o lançamento do
concreto em formas não preparadas adequadamente para recebê-lo. E que essa
concretagem seja executada com uma velocidade aleatória e uma vibração do
concreto sem os cuidados adequados.
A
maioria das vezes em que uma forma se rompe é pela imprudência e negligencia na
hora da concretagem. Muitas vezes, a fiscalização não se preocupa com a
vibração do concreto e não imagina que a vibração inadequada desse concreto
interferirá diretamente na estruturação da forma executada. Seria como se, na
forma de bolo citada logo no começo do texto, colocássemos uma pinça de
batedeira girando aleatoriamente e não tomando cuidado para que a pinça não se
encoste à parede da forma. Muito provavelmente esse ato de encontro pinça-forma
irá criar um atrito na forma causando deformações, fazendo com que o ‘bolo’ não
saia no formato planejado. Deve-se ter o cuidado ao uso exagerado do vibrador,
pois isso muda significativamente o quadro das pressões do concreto.
De
posse desses parâmetros, poderemos avaliar qual a melhor maneira para a
concretagem de uma estrutura, levando em conta a fôrma utilizada e as
necessidades do cliente.
Cuidados
e consulta as normas de parâmetros sempre nos trará informações necessárias e
importantes para a execução dos serviços de concretagem.
Por: Josyane Angelica de Jesus
0 comentários:
Postar um comentário
Comente, critique, contribua. A casa é sua!