Um dia desses, um amigo me disse
uma frase que ele atribuiu ao grande Luiz Alfredo Falcão Bauer: “Todo mundo
acha que pode fazer concreto. E o pior, é que faz mesmo!” Não sei se o grande
mestre realmente disse isso, mas, de qualquer forma, é um ditado que nos faz
pensar. Quando comecei a trabalhar na engenharia, então recém-formado do curso
técnico de Edificações do CEFET MG, já tinha uma boa noção sobre a tecnologia
do concreto, graças ao fato de ter sido pupilo de Esdras de França, outro gigante
da engenharia do concreto no Brasil. Mas a maioria de nós engenheiros recebe no
curso superior informações muito superficiais sobre este material tão
importante. E muitos de nós permanecemos anos exercendo a profissão, sem tomar
contato com conceitos muito importantes sobre o tema.
Mas ora essa, porque nos
preocuparmos com isso, já que estamos falando de algo tão simples, que “todo
mundo” é capaz de fazer, como o concreto? Realmente pensar na complexidade do
concreto é algo realmente paradoxal. Por um lado, trata-se de uma mistura de
materiais bastante comuns e de grande disponibilidade. É facilmente realizada
com equipamentos bem simples e de uso frequente nas construções, e tem
aplicação relativamente pouco complicada. Enfim, todo mundo é, realmente, capaz
de fazer concreto. Por outro lado, desconheço outro material de construção que
tenha sido tema de tantos estudos, demandado tanto esforço em desenvolvimento e
que tenha sofrido tamanha evolução técnica ao longo do tempo. Apenas para usar
um exemplo simples, como de costume, o IBRACON (Instituto Brasileiro do
Concreto) editou este ano um livro que foi distribuído entre os participantes
de seu 53º seminário. O Livro deste ano tem o título de “Concreto: Ciência e
Tecnologia”. Não poderia ser mais direto, trata-se de um livro que fala sobre o
estado atual das pesquisas e desenvolvimento técnico deste material “tão
simples”. Este livro tem 1902 páginas, divididas em 2 volumes! Imaginem o trabalho
para caminhar com ele pelos corredores do evento!
Hoje em dia o concreto pode
resistir a temperaturas superelevadas ou ao congelamento. Pode ser totalmente
impermeável, ou permitir a livre passagem da água da chuva. Pode atingir
resistências com velocidade incrível, ou permanecer plástico por dias a fio.
Pode ser bombeado até alturas inimagináveis e “caminhar” sozinho através das
formas. Pode ser lançado embaixo d’água ou exposto como elemento arquitetônico
de grande beleza. Pode eliminar a necessidade de aço. Pode ajudar a proteger o
meio ambiente. Pode até deixar passar luz!
Ao longo destes 10 anos
trabalhando como tecnologista de concreto eu pude aprender muita coisa sobre
este produto. Acho que é o assunto sobre o qual eu mais aprendi na vida. E o
maior aprendizado de todos é o de que eu ainda tenho uma infinidade a aprender
sobre concreto, tamanhos são a riqueza de informações disponíveis e o potencial
ainda por descobrir. E agora que tenho a chance de me dedicar com exclusividade
à pesquisa, aplicada ao dia a dia real do mercado da construção, em uma das
maiores empresas prestadoras de serviços de concretagem do mundo, o que
pretendo é justamente tentar aprender pelo menos uma parte do que me falta.
Pretendo também tentar descobrir coisas ainda novas, peças deste enorme quebra-cabeças
que ainda falta montar. E em um arroubo de pretensão desmedida, pretendo também
dividir um pouco dessa bagagem com os colegas que “militam” no mesmo ofício, os
que são nossos clientes e parceiros, os que ajudam a construir este país e
também aqueles que ainda se preparam, construindo a si mesmos para um dia
entrar pra esse time.
Conto com uma visitinha tua de
vez em quando, ok? A casa é nossa, então critique, contribua, corrija, compartilhe.
Enfim, fique a vontade!
0 comentários:
Postar um comentário
Comente, critique, contribua. A casa é sua!